Seja no Japão ou no Brasil, pouco se sabe sobre o movimento antijaponês brasileiro durante a primeira metade do século XX, cujo auge foi em maio de 1934, por conta da nova Constituição brasileira, aprovada pela Assembleia Nacional Constituinte. O objetivo deste artigo é discutir as repercussões do “Memorial de Tanaka” ― um documento falso referente às ambições imperialistas do Japão sobre o território brasileiro ―, o qual foi comumente utilizado na época para justificar movimentos segregacionistas e antijaponês do Brasil contra a imigração japonesa, especialmente durante a elaboração da Constituição de 1934. Inicialmente, daremos uma visão geral deste movimento antinipônico durante o período entre as duas guerras mundiais (1918-1939). Para, em seguida, analisar mudanças radicais de pensamento em relação à imigração japonesa na pessoa de Félix Pacheco, poeta, Ministro das Relações Exteriores, e o Presidente do influente Jornal do Commercio. Para tal, utilizaremos documentos diplomáticos e artigos reproduzidos pelo então primeiro secretário da embaixada do Japão, Noda Ryōji, na revista Burajiru. Também discutiremos o entendimento geral e a aceitação do “Memorial de Tanaka” no Japão e no Brasil, e examinaremos como o movimento antijaponês no Brasil se transformou à luz do posicionamento de Félix Pacheco e sua empresa jornalística. Em suma, procuraremos demonstrar como o "Memorial de Tanaka" esteve envolvido no movimento antijaponês no Brasil, ainda que aparentemente não intrinsecamente relacionado.