INTRODUÇÃO: A fibrose cística (FC) é uma doença autossômica recessiva, progressiva e multissistêmica e seu tratamento deve ser continuado durante a pandemia de COVID-19 com as devidas precauções de isolamento. A telessaúde surgiu como uma estratégia para reduzir o risco de infecções nestes pacientes.
OBJETIVO: Determinar o grau de satisfação do usuário com FC em relação à telessaúde e seus fatores associados durante a pandemia de COVID-19.
METODOLOGIA: Foi realizado um estudo transversal, observacional e analítico, proveniente de uma coorte bidirecional em um centro de referência no Rio de Janeiro com crianças e adolescentes entre 0 e 18 anos com diagnóstico de FC que participaram do atendimento via telessaúde durante a pandemia. Os dados foram coletados entre fevereiro e julho de 2021, após o retorno das consultas presenciais. Foram registradas as variáveis sociodemográficas (sexo e idade) e clínicas (tipo de mutação genética, colonização bacteriana e volume expiratório forçado no primeiro segundo - VEF1) e foi aplicada a System usability scale (SUS) para avaliar a satisfação do usuário.
RESULTADOS: Foram avaliados 34 pacientes com idade média de 10,09 ± 4,83 anos, 47,06% do sexo masculino; 82,35% da amostra apresentava pelo menos uma mutação F508del e houve predominância do patógeno Staphylococcus aureus resistente à meticilina. A distância média para o centro de referência foi 78,00 ± 82,39 km. Durante o período de coleta, 17,65% dos indivíduos necessitaram de internação. Entre as especialidades atendidas, 100% da amostra foi acompanhada pela pneumologia e 88,26% também foi acompanhada pela fisioterapia. O equipamento mais utilizado foi o celular (79,41%) e maior parte dos usuários (91,18%) utilizou internet tipo wifi. A média do score da aplicação da SUS foi 77,5 ± 15,31 e maior parte da amostra classificou o teleatendimento entre bom e melhor possível (97,06%). Em relação à associação entre as categorias e a pontuação da SUS, só houve diferença estatisticamente significativa no equipamento utilizado (p = 0,037). Os usuários que utilizaram o computador avaliaram melhor.
CONCLUSÃO: A telessaúde tem se mostrado uma excelente ferramenta para o atendimento de pacientes com FC durante a pandemia de COVID-19. Assim, os atendimentos via telessaúde devem ser continuados após a pandemia em abordagens específicas. Nosso estudo evidenciou bom grau de satisfação do usuário em relação ao teleatendimento.