O presente artigo busca compreender como uma comunidade rural foi especialmente impactada, direta e indiretamente, pela construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte (UHBM) no rio Xingu. Trata-se da Agrovila Leonardo D’Vinci (ALDV), um distrito do município de Vitória do Xingu-PA, localizada a 60 km deste e a 18 quilômetros da cidade de Altamira, no sudoeste do Pará. A partir de entrevistas, leitura de outros estudos sobre a agrovila realizados desde sua fundação, observação do cotidiano da comunidade e documentação sobre o tema, se busca analisar as dinâmicas sociais e memórias da ALDV para compreender transformações, sobretudo na organização social, econômica e espacial que sofreu em decorrência da construção da Hidrelétrica Belo Monte. Esta comunidade (surgida no contexto de um grande projeto desenvolvimentista, a Rodovia Transamazônica, em 1972) nessas últimas quatro décadas não havia experimentado um grau de transformações tão profundas e aceleradas quanto as ocorreram desde o final do ano de 2012 com a Usina Hidrelétrica Belo Monte que impactou as vidas dos moradores.