Este artigo tem como objetivo recuperar histórias de trabalhadores negros nos primórdios de fundação do Clube União Operária de Alegrete, fundado em 1925. Com este estudo, se busca verificar a atuação vivida por operários (as) negros (as) na construção e formação desta entidade operária e quase centenária. Com base no cruzamento de diversas fontes históricas, como documentos cartoriais, paroquiais, imprensa, livros de atas e sócios do clube, foi possível perceber a vivência associativa dos trabalhadores negros e de seus familiares, reconstruindo trajetórias e experiências sociais no espaço social do Clube União Operária. Com essa pesquisa, comprovei algumas hipóteses, sendo que a principal é evidenciar que os afrodescendentes já estavam inseridos e atuantes desde o início e origem da entidade associativa. Através das histórias de alguns personagens, se percebe que a comunidade negra de Alegrete, no período pós-abolição, definiu o Clube União Operária como seu lugar social, um local do livre exercício da cultura e identidade negra, uma entidade operária na qual não havia restrições em relação aos seus frequentadores. Os trabalhadores negros se sentiram amparados e confortáveis por estarem entre os seus, em liberdade, num espaço associativo e com estabelecimento de laços de solidariedade de classe entre seus membros, sócios, sócias e respectivas famílias.