Identificar fatores de risco relacionados a maior prevalência de deficiência de ferro e anemia ferropriva em pediatria e propor estratégias para prevenção da deficiência/anemia ferropriva. Revisão de literatura realizada por 22 pessoas dos DC de nutrologia e hematologia da SBP. Os fatores de risco para o desenvolvimento de anemia ferropriva foram baixa reserva materna (gestante com anemia sem tratamento adequado, lactante sem suplementação de ferro adequada, intervalo curto entre as gestações, má nutrição), diminuição no fornecimento de ferro (clampeamento do cordão umbilical antes de um minuto, vegetarianismo, consumo de leite de vaca integral), baixa reserva do recém-nascido (prematuridade, baixo peso) e má absorção de ferro (redução de acidez gástrica, síndrome de má absorção). Como estratégia para prevenção das repercussões da deficiência de ferro (alterações cognitivas, baixa estatura, infecções de repetição), recomendamos iniciar a profilaxia com ferro nas crianças nascidas a termo, independentemente do tipo de alimentação e com fatores de risco para anemia ferropriva, aos 90 dias de vida e, para aquelas sem fatores de risco, aos 180 dias de vida. O diagnóstico laboratorial da deficiência de ferro deve ser feito com dosagem sérica de ferritina e proteína C reativa (para afastar infecção) e o diagnóstico de anemia ferropriva com a hematimetria acompanhada da contagem de reticulócitos. O pediatra deve estar atento para a importância da anemia ferropriva no Brasil e ter consciência da necessidade de prevenção da deficiência de ferro, principalmente no início da vida, evitando as consequências de longo prazo desta carência que repercutem no neurodesenvolvimento infantil.
To identify risk factors related to a higher prevalence of iron deficiency and iron deficiency anemia and propose strategies for prevention. A literature review was conducted by 22 people from the scientific departments of nutrology and hematology at SBP. The risk factors for the development of iron deficiency anemia were low maternal reserve (pregnant woman with anemia without adequate treatment, breastfeeding woman without adequate iron supplementation, short interval between pregnancies, malnutrition), decrease in iron supply (umbilical cord clamping before one minute, vegetarianism, whole cows milk), newborn with low iron reserve (prematurity, low weight) and iron malabsorption (decreased gastric acidity, malabsorption syndrome). As a strategy to prevent the repercussions of iron deficiency (cognitive alterations, short stature, frequent infections), we recommend starting iron prophylaxis in full-term children, regardless of the type of diet, at 90 days of life; and for those with risk factors for iron deficiency anemia, at 180 days of life. The laboratory diagnosis of iron deficiency should be made with serum ferritin and CRP levels (to rule out infection) and the diagnosis of iron deficiency anemia with concomitant red blood cell count and reticulocyte. Pediatricians should be aware of the importance of iron deficiency anemia in Brazil and the need to prevent iron deficiency, especially at the beginning of life, avoiding the long-term consequences of this deficiency that have repercussions on child neurodevelopment.