Ferreira, por meio dessa análise, demonstra que Hatoum, ao desmistificar o Eldorado e explorar suas tragédias e esquecimentos, não apenas cria uma narrativa que desafia as versões idealizadas da história amazônica, mas também humaniza os indivíduos que sobreviveram às adversidades desse passado. Na resenha de Narrativa de uma cidade encantada ou alegoria de uma história trágica, Arcângelo da Silva Ferreira revela o potencial de Órfãos do Eldorado como uma obra que cruza fronteiras entre a história e a literatura para fornecer um entendimento mais amplo da Amazônia. Ferreira pontua como Hatoum oferece uma representação complexa e crítica que contribui para a desconstrução de mitos históricos, além de ressaltar as histórias silenciadas de sujeitos marginalizados. A obra de Hatoum, segundo Ferreira, não apenas se insere no imaginário literário da Amazônia, mas também propõe uma reflexão sobre a necessidade de revisitar criticamente o passado para compreender as contínuas transformações e desafios da região no presente. Assim, Ferreira consegue, de forma convincente, demonstrar que a literatura pode atuar como uma poderosa ferramenta de resistência e memória, especialmente em contextos onde a história oficial ainda privilegia os vencedores em detrimento dos vencidos. A resenha evidencia que Narrativa de uma cidade encantada ou alegoria de uma história trágica é uma leitura essencial para aqueles que buscam um olhar mais crítico e sensível sobre a Amazônia, convidando os leitores a enxergar além dos estereótipos e a refletir sobre a complexa relação entre história, memória e identidade.