O ANDARILHO COMO EXPRESSÃO DE UM PENSAMENTO EXTERIOR: PARA UMA GEOFILOSOFIA EM NIETZSCHE

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ISSN: 2176-9389
Editor Chefe: Luiz Carlos Sureki
Início Publicação: 31/12/1973
Periodicidade: Quadrimestral
Área de Estudo: Filosofia

O ANDARILHO COMO EXPRESSÃO DE UM PENSAMENTO EXTERIOR: PARA UMA GEOFILOSOFIA EM NIETZSCHE

Ano: 2025 | Volume: 52 | Número: 162
Autores: Jelson Oliveira, Leonardo Pablo Origuela Santos
Autor Correspondente: Jelson Oliveira | [email protected]

Palavras-chave: Nietzsche. Geofilosofia. Andarilho. Pensamento exterior. Espírito livre. Zaratustra.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O presente artigo pretende analisar a hipótese de uma geofilosofia em Nietzsche a partir da figura do andarilho, compreendido como parte de uma estratégia de “pensamento exterior” que se efetiva como recusa do pensamento subjetivista e metafísico. Nietzsche desenvolve essa ideia especialmente em obras como Humano, Demasiado Humano e Assim Falou Zaratustra, onde o andarilho representa a liberdade de espírito, a pluralidade de perspectivas, a rejeição dos dogmas e a tarefa de criação de novos valores. Analisando algumas passagens desses textos, demonstraremos como a metáfora do andarilho simboliza um pen­samento em constante movimento, que se nutre da paisagem, da impermanência e das experiências vividas nos diferentes territórios que formam as vivências do caminhante. Dessa forma, trata-se de demonstrar como a figura do andarilho se opõe ao sedentarismo do pensamento metafísico, fixado em verdades universais e inalteráveis. A geofilosofia (termo proposto por Deleuze e Guattari) enfatiza, assim, a conexão entre o pensamento e o ambiente exterior, contrapondo-se à interioridade da tradição racionalista da moral ocidental. Terminaremos por de­monstrar como Zaratustra, o andarilho por excelência, encarna a coragem de criar e afirmar a vida em todas as suas contradições, movendo-se entre montanhas e mares, em busca de uma filosofia que dialogue com o mundo – que se faça em diálogo com a natureza e não em contraposição a ela, segundo o antropocentris­mo vigente. Essa perspectiva culmina no grande meio-dia, símbolo da máxima clareza e liberdade do pensamento, que encontra suas primeiras formulações no aforismo final de Humano, Demasiado Humano, que servirá de fio condutor da presente reflexão.