Este ensaio analisa as obras Ensaio sobre a cegueira(1995) e Ensaio sobre a lucidez(2004), de José Saramago, a partir da interseção entre direito e literatura, propondoreflexões sobre a democracia e sua representação no imaginário jurídico e literário. Em Ensaio sobre a cegueira, a cegueira branca, alegoria da anomia da sociedade pós-moderna, leva ao colapso das instituições diante de uma crise, resultando emuma "suspensão democrática" que resulta em repressão e desumanização. A obra propõe uma reflexão sobre o papel do direito e das instituições na proteçãoda dignidade humana, destacando aresponsabilidade cidadã (de ter olhos) da mulher do médico como fundamentalpara resistir à barbárie e restaurar a humanidade. Já em Ensaio sobre a lucidez, José Saramago critica o esvaziamento da democracia formal, utilizando o voto em branco como alegoriadeprotesto contra a desconexão entre governo, que reage à manifestação popular com uma escalada autoritária que culmina com um ato de terrorismo de estado,eosgovernados. A obra propõe que a democracia seja um processo contínuo de vigilância e participação ativa dos cidadãos, desafiando o leitor a refletir sobre a responsabilidade política coletiva. Conclui-se que as obras oferecem elementos valiosos para a reflexão jurídicaem torno da democracia, fomentandouma práxistransformadora em busca de uma cidadania democrática.
This essay analyzes the books Ensaio sobre a cegueira(1995) and Ensaio sobre a lucidez(2004) by José Saramago, exploring the intersection of law and literature, and offering reflections on democracy and its representation in the legal and literary imaginations. In Ensaio sobre a cegueira, the white blindness, an allegory for the anomie of postmodern society, leads to the collapse of institutions in the face of crisis, resulting in a "democratic suspension" that leads to repression and dehumanization. The bookreflects on the role of law and institutions in protecting human dignity, highlighting the citizen responsibility (of having sight) of the doctor's wife as fundamental in resisting barbarism and restoring humanity. In Ensaio sobre a lucidez, Saramago critiques the hollowing out of formal democracy, using the blank vote as an allegory of protest against the disconnection between the government, which responds to popular protests with an authoritarian escalation culminating in an act of state terrorism, and the governed. The booksuggests that democracy must be a continuous process of vigilance and active citizen participation, challenging the reader to reflect on collective political responsibility. In conclusion, the worksoffer valuable elements for legal reflections on democracy, promoting a transformative praxis in the search for democratic citizenship.
Este ensayo analiza las obras Ensaio sobre a cegueira (1995) y Ensaio sobre a lucidez (2004) de José Saramago, desde la intersección entre derecho y literatura, proponiendo reflexiones sobre la democracia y su representación en el imaginario jurídico y literario. En Ensaio sobre a cegueira, la ceguera blanca, alegoría de la anomía de la sociedad posmoderna, conduce al colapso de las instituciones frente a una crisis, resultando en una "suspensión democrática" que lleva a la represión y deshumanización. La obra propone una reflexión sobre el papel del derecho y las instituciones en la protección de la dignidad humana, destacando la responsabilidad ciudadana (de tener ojos) de la mujer del médico como fundamental para resistir la barbarie y restaurar la humanidad. En Ensaio sobre a lucidez, José Saramago critica el vaciamiento de la democracia formal, utilizando el voto en blanco como alegoría de protesta contra la desconexión entre el gobierno, que responde a la manifestación popular con una escalada autoritaria que culmina en un acto de terrorismo de estado, y los gobernados. La obra propone que la democracia debe ser un proceso continuo de vigilancia y participación activa de los ciudadanos, desafiando al lector a reflexionar sobre la responsabilidad política colectiva. Se concluye que las obras ofrecen elementos valiosos para la reflexión jurídica sobre la democracia, fomentando una praxis transformadora en busca de una ciudadanía democrática.