O presente estudo teve como objetivo investigar os fatores que influenciam o uso das cartas do CEO como instrumento de Gerenciamento de Impressões no mercado de capitais brasileiro. Fundamentado na Teoria da Divulgação Voluntária, analisou-se uma amostra composta por 1.274 cartas publicadas entre 2010 e 2022, por 217 companhias listadas que divulgaram ao menos uma carta no período. A escolha do intervalo temporal justifica-se por suceder à adoção das Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS) no Brasil, promovendo maior comparabilidade das informações. Utilizou-se modelos de dados em painel, com duas variáveis dependentes: tonalidade (proporção de termos positivos e negativos) e legibilidade (número total de palavras), ambas como proxies de gerenciamento de impressões. As variáveis explicativas principais foram a variação nos resultados financeiros e a presença de analistas de mercado. Os resultados revelam que a queda nos resultados não influenciou significativamente a tonalidade ou a legibilidade, indicando que, no Brasil, as cartas do CEO não são utilizadas para ocultar maus resultados. Em contraste, observou-se que desempenhos positivos elevaram o uso de termos positivos, sinalizando reforço da imagem institucional. A presença de analistas apresentou efeito significativo, atuando como mecanismo externo de governança e inibindo práticas oportunistas. Por fim, alavancagem e crises econômicas mostraram relação negativa com as proxies de gerenciamento de impressões, sugerindo maior objetividade comunicacional em cenários adversos. O estudo contribui ao demonstrar que, no contexto brasileiro, as cartas do CEO tendem a cumprir papel informativo legítimo, especialmente em momentos de desempenho favorável.
This study aimed to investigate the factors influencing the use of CEO letters as a tool for Impression Management in the Brazilian capital market. Based on the Voluntary Disclosure Theory, a sample of 1,274 letters published between 2010 and 2022 by 217 listed companies that released at least one letter during this period was analyzed. The chosen time frame is justified by its occurrence after the adoption of International Financial Reporting Standards (IFRS) in Brazil, which enhanced the comparability offinancial information. Panel data models were employed, with two dependent variables: tone (the proportion of positive and negative terms) and readability (total number of words), both serving as proxies for impression management. The main explanatory variables were changes in financial performance and the presence of market analysts. The results indicate that declines in performance did not significantly influence tone or readability, suggesting that in Brazil, CEO letters are not used to conceal poor results. In contrast, positive performance increased the use of positive terms, signaling reinforcement of the institutional image. The presence of analysts had a significant effect, acting as an external governance mechanism that inhibits opportunistic practices. Finally, leverage and economic crises showed a negative relationship with the impression management proxies, suggesting more objective communication in adverse scenarios. The study contributes by demonstrating that, in the Brazilian context, CEO letters tend to serve a legitimate informative role, especially during periods of favorable performance.
