Buscando contribuir para um horizonte de reconfiguração crítica da historiografia de Dyonélio Machado, o presente artigo investiga na obra Deuses Econômicos (1976)a relação das personagens com a imagem de si que transmitem por via das próprias correspondências. Através de uma análise detalhada do papel ocupado pelas cartas no romance, e a prática que Michel Foucault (1992) chamou de escrita de si, pode-se encontrar elementos indicativos sobre como Dyonélio Machado considerava seu próprio trabalho de construção de uma posteridade literária. É de se destacar que alguns dos principais autores citados por Foucault em seu texto (como Sêneca) aparecem citados em Deuses Econômicos, o que indica a relevância de se estabelecer essa relação. Retornamos assim a esse texto que tomou dez anos de pesquisa em A ntiguidade clássica por parte de Dyonélio Machado, sugerindo uma originalidade reflexiva a respeito das práticas de criação de uma imagem de si. Essa análise crítica poderia oferecer subsídios para uma investigação historiográfica sobreo escritor, que difere das concepções que consideram sua produção literária como mera expressão irrefletida de suas memórias traumáticas.
Seeking to contribute to a horizon of critical reconfiguration of Dyonélio Machado's historiography, this article seeks to find in the work Deuses Econômicos(1976) the concern of the characters with the image of itself conveyed in their own correspondence. Through a detailed analysis of the role played by letters in the novel, and the practice that Michel Foucault (1992) called self-writing, one can find indicative elements about how Dyonélio Machado considered his own work of building a literary posterity. It is worth noting that some of the main authors cited by Foucault in his text (such as Seneca) appear cited in Deuses Econômicos, which indicates the relevance of establishing this relationship. We thus return to this text that took ten years of research into classical Antiquity by Dyonélio Machado, suggesting his reflective originality regarding the practices of creating an image of oneself. This critical analysis could offer support for a historiographical investigation into the writer, which differs from conceptions that consider his literary production as a mere unreflective expression of his traumatic memories.
