O fato de os surdos utilizarem a lÃngua de sinais, que lhes promove naturalmente o acesso ao
conhecimento, em geral, leva a dificuldades para ler e escrever, tendo em vista que esta leitura e esta
escrita são produzidas em uma lÃngua que não é a sua: a lÃngua padrão do paÃs. Sendo as marcas de
oralidade favorecedoras da coesão textual, a pergunta norteadora deste estudo foi: o fato de utilizar
marcas de oralidade na escrita faz com que esta seja mais compreensÃvel? Objetivou-se, portanto,
investigar a compreensão, por ouvintes, do texto escrito por surdos, em função da ocorrência de tais
marcas na escrita. Fragmentos de escrita com mais de uma marca, com uma marca e sem marca de
oralidade, produzidos por surdos, além de fragmentos produzidos por ouvintes, foram apresentados a
estudantes universitários ouvintes, que atribuÃram escores aos fragmentos em função da compreensão
do conteúdo. Foi verificado que os fragmentos referidos como de conteúdo mais compreendido foram
os produzidos por ouvintes, seguidos dos com mais de uma marca de oralidade produzidos por surdos;
os menos compreendidos foram os sem marca de oralidade produzidos por surdos. O estudo sugere
que as marcas de oralidade promoveram a coesão textual dos surdos, facilitando a compreensão do
conteúdo da sua escrita por ouvintes.
The use of sign language by the deaf, though a means of providing access to knowledge, offers some
specific difficulties on reading/writing due to the impossibility on acquiring the written code of the
official spoken language. Taking into account that some oral cues favor textual cohesion, the question
this paper is mainly concerned with is whether the use of oral cues in writing favors comprehension as
well. The aim of this research was to offer written texts produced by the deaf to the non deaf to see how
the text was understood by these speakers. Some written fragments contained two or more oral cues,
some with just one cue or with no cues produced by the deaf and some texts produced by the non deaf
were offered to university hearing students who were asked to score the texts by means of levels of
comprehension. The results showed that the answers favored the texts produced by the non deaf people
followed by those with more than two oral cues produced by the deaf; the texts that offered difficulty for
comprehension were those with no oral cues produced by the deaf. This paper suggests that the oral cues
bring cohesion to the texts produced by the deaf thus favoring the hearer text comprehension.