Este trabalho propõe uma reflexão em torno da biodiversidade, a partir da crÃtica à polÃtica
de conservação da diversidade biológica, estabelecida pela Convenção sobre
Biodiversidade, considerando que ela se encontra impregnada de uma lógica utilitária e
econômica. Mesmo reconhecendo os efeitos dos saberes e práticas das comunidades
tradicionais como forma de manejo sustentável da biodiversidade, ela é omissa em relação
à dimensão simbólica e espiritual presente nas cosmologias indÃgenas e seu papel
conservacionista. A abordagem proposta aqui foi norteada por uma análise da dualidade
entre animalidade e humanidade, através de um breve exame de cosmologias indÃgenas sulamericanas
e reflexões filosóficas. A partir de alguns fragmentos de narrativas
cosmológicas procurou-se mostrar que as fronteiras entre animalidade e humanidade
desaparecem. A tentativa de construir um diálogo entre cosmologias indÃgenas e reflexões
filosóficas teve o intuito de conduzir a análise para o campo religioso da relação com o
divino, como experiência de imanência.
This work discusses biological diversity through a criticism of the biological diversity
conservation policy established by the Convention of Biological Diversity, viewed here as
impregnated with a utilitarian and economical logic. Although this policy recognizes the
knowledge and practices of traditional communities as a tool for the sustainable
management of biological diversity, it ignores the spiritual and symbolic dimension of the
indigenous cosmologies and its conservationist role. The approach proposed here was
guided by an analysis of the duality between animality and humanity, involving a brief
examination of South American indigenous cosmologies and philosophical reflections.
Through the study of a few fragments of cosmological narratives it is showed that the
boundaries between animality and humanity disappear. The attempt to build a dialogue
between indigenous cosmologies and philosophical reflections aimed at placing the analysis
in the field of the relationship with the divine, as an immanent experience.