Neste Ano Internacional da Biodiversidade, reflito sobre as responsabilidades crescentes das
entidades religiosas no contexto atual da Crise Ambiental. Faço uma retrospectiva sobre a
origem evolutiva das religiões no contexto da evolução cultural do homem. Em seguida,
menciono algumas dimensões ecológicas do pensamento religioso, significativas para os
problemas ambientais. Paradigmas religiosos se originam de forma semelhante aos das ciências.
As doutrinas sociais das igrejas, especialmente a igreja católica, estabelecem compromissos
com os excluÃdos e promovem o desenvolvimento integral da pessoa humana, buscando justiça
social e econômica. Isto tem implicações para o equilÃbrio ecológico e para o futuro da
humanidade. Sugiro que as igrejas atuem mais intensamente, de forma integrada com a ciência,
na intermediação polÃtica em prol da solução dos problemas ambientais. A moral religiosa
ajudaria a reverter os ganhos econômicos advindos da utilização sustentável da biodiversidade
genética para as culturas locais. Também antevejo um papel maior na conscientização das
comunidades sobre os benefÃcios de uma vida equilibrada com a natureza e de uma exploração
racional dos recursos naturais. A preservação da biodiversidade constitui uma questão moral de
cuja conscientização e regulamentação legal urgentÃssima dependemos para a sobrevivência dos
ecossistemas naturais e da própria espécie humana.
In this International Year for the Conservation of Biodiversity, I reflect on the increasing
responsibilities of religious entities towards solving the present Environmental Crisis. I provide
a retrospect on the debate over the origin of religions in the context of the cultural evolution of
man. I then mention some ecological dimensions of religious thinking, which are particularly
significant for approaching environmental problems. Religious paradigms originate in ways that
are similar to those in science. The social doctrines of churches establish compromises for
excluded groups and promote the unabridged development of the human individual, which
includes social and economic justice. This has implications for the ecological balance of nature
and for the future of humanity. I suggest that the Church should act more intensely, integrated
with science, in the political intermediation that searches for solutions for our environmental
problems. Religious morality could help to restore the economical benefits resulting from the
sustainable use of genetic biodiversity to local cultures. I also foresee a larger role of the church
in promoting human perceptions regarding the benefits involved in obtaining a more
sustainable relationship with nature and in promoting a more rational exploitation of natural
resources. The conservation of biodiversity represents a moral matter demanding urgent
legislation for the survival of natural ecosystems and, ultimately, of the human species.