O fundamentalismo é um fenômeno relativamente recente, pelo menos como posição
articulada e autoconsciente. O presente artigo apresenta, de inÃcio, uma reflexão sobre o
surgimento do termo fundamentalismo, em breve resgate histórico. A seguir, identifica e
analisa as caracterÃsticas principais dessa atitude, tanto na sua configuração psicológica
(subjetivismo fechado), como na sua teoria epistemológica implÃcita (fideÃsmo radical, fé
ou submissão a uma autoridade religiosa como fonte exclusiva ou predominante de
certeza epistemológica), na sua hermenêutica (liberalismo na interpretação de escrituras)
e na sua maneira de priorizar um ativismo radical, na perspectiva pragmática (tendência a
medidas radicais, à militância e até ao terrorismo no prosseguimento efetivo dos seus
fins). Aplicando essa análise, mostra que os debates atuais entre cristãos e “neoateusâ€
parecem frequentemente fundamentalistas, mas não apenas do lado religioso da disputa.
Talvez o nome de fundamentalista possa ser reivindicado por alguns que ficariam bem
surpresos pela nova titulação. A última parte do artigo discute a religião “usada†e
“abusadaâ€.
Fundamentalism is a relatively recent phenomenon, at least as an articulated and selfconscious
position. The present article begins by reflecting on the origin of the term
fundamentalism in a brief historical review. Then the principal characteristics of this
attitude are identified and analyzed, both in its psychological configuration (a closed
subjectivity), as well as in its implicit epistemological theory (radical fideism, faith or
submission to a religiou authority as exclusive or predominant source of epistemological
certitude), its hermeneutics (literalism in the interpretation of scriptures) and its manner
of prioritizing radical activisim in its pragmatic perspective (tendency to radical means, to
militancy and even terrorism in the effective persecution of its ends). Applying this
analysis, current debates between Christians and "neo-atheists" appear frequently
fundamentalist, but not only on the religious side of the dispute. Perhaps the name
fundamentalist can be claimed even by some who would be quite surprised by the new
christening. The last part of the article discusses "used" and "abused" religion.