A filósofa americana Cora Diamond, especialista em Frege e
Wittgenstein, que os lê dando especial atenção à filosofia da linguagem, do
pensamento, da lógica e da matemática, tem também coisas importantes a
dizer, a partir da maneira wittgensteiniana de ver a filosofia, acerca de filosofia
moral. Em particular, ela é fortemente crÃtica de uma certa forma de conceber
a natureza da filosofia moral, muito comum hoje entre os filósofos analÃticos,
como exclusivamente centrada na acção e na decisão de agentes e em
argumentos acerca daquilo que é racional fazer. Foi essa crÃtica, que podemos
considerar feita de um ponto de vista metodológico, que fez Diamond entrar
em polémica, há cerca de trinta anos, com autores muito influentes em ética
como Peter Singer e Tom Regan, mesmo se partilha com eles muitas intuições.
Neste artigo pretendo simplesmente descrever a posição de Diamond acerca
da natureza do pensamento moral e do que pensamos que fazemos quando
fazemos filosofia moral. Por trás da análise do papel da imaginação moral em
ética, está a questão mais geral da natureza do método flosófico.
The american philosopher Cora Diamond is a specialist of Frege
and Wittgenstein who pays special attention to philosophy of thought,
language, logic and mathematics. Yet, she also has important things to say,
from a wittgenteinian point of view, about moral philosophy. She is, in
particular, very critical of the way moral philosophy is conceived as centered
on action and decision and on arguments about what is rational to do by a
majority of analytic philosophers. It was that critical position, which follows
from her conception of philosophical method, that gave rise to her polemics
with Peter Singer’s and Tom Regan’s approach to ethics some thirty years ago,
a confrontation which took place in spite of the fact that Diamond shares
many of their intuitions. In this article I describe Diamond’s position about
what we do when we do moral philosophy. In the background of questions
regarding the role of moral imagination in etihcs lies the more general question
of the nature of philosophical method.