Este trabalho analisa a existência de conservadorismo nas práticas contabilÃsticas das empresas e em que termos ele afecta a comparabilidade da informação financeira. Examina o conservadorismo evidenciado no balanço e na demonstração dos resultados, designadamente se práticas conservadoras que visem proteger os interesses dos credores sobreavaliam o valor contabilÃstico (Feltham & Olhson, 1995), e se os contabilistas adiam o reconhecimento de ganhos, ou boas notÃcias, enquanto reconhecem de imediato as perdas, ou más notÃcias (Basu, 1997). Seleccionou-se uma amostra de empresas não financeiras cotadas, tendo-se recolhido dados contabilÃsticos e de mercado de empresas portuguesas, alemãs e do Reino Unido. Conclui-se existir em Portugal os dois tipos de conservadorismo referidos nas demonstrações contábeis. Os resultados indicam um enviesamento de conservadorismo induzido pela divulgação de notÃcias sobre resultados das empresas maior no Reino Unido do que em Portugal e na Alemanha, e, o conservadorismo no balanço, aferido por uma maior sobrevalorização dos capitais próprios, é superior em Portugal ao que se observa no Reino Unido. Estes resultados têm implicações para quem regulamenta a contabilidade e têm utilidade pois ajudam a conhecer as propriedades das cifras contabilÃsticas.
This paper examines the existence of conservative practices in the Portuguese accounting system, and whether these conservative practices affect the comparability of financial information provided by companies. We particularly examine whether the book value figure can be understated due to conservative practices to protect creditors' interests (balance sheet conservatism) and whether accountants delay the recognition in earnings of good news, while they recognize immediately bad news (earnings conservatism). Using a Basu (1997) type reverse regression and a simple adaptation of the Ohlson (1995) valuation model, the paper gives evidence concerning the existence of both definitions of conservatism in Portuguese accounting practices. A sample of non-financial Portuguese, German and British companies was used. Our results also show the larger earnings conservatism of British firms relative to Portugal and Germany, and surprisingly, that Portugal is more BS (larger understatement of shareholders' equity) conservative than the United Kingdom. The results have implications for accounting standard setting and they can be useful for both the European Commission and the IASB since they provide some insight into the properties of accounting figures in Portugal.