Neste trabalho, os autores discutem, no contexto do evento psicopatológico classicamente denominado humor delirante ou trema, dois momentos subjetivos aqui chamados peregrinação e hospedagem. Na acepção proposta para estes termos, ambos estariam delimitados cronologicamente, entre o desencadeamento de um surto psicótico e, no outro extremo, a construção de uma metáfora delirante. A hipótese teórica preliminar é a de que, no trânsito entre a condição de peregrino e a de hóspede, algo de fundamental se passa na perspectiva do psicótico; a hipótese teórico-clÃnica é a de que o trânsito de uma condição à outra guarda relação Ãntima com a qualidade e a extensão da rede de laços estabelecida pelo sujeito.