A relação tempo-consciência tem sido negligenciada pela pesquisa cientÃfica. A temporalidade é origem e estrutura da consciência. A experiência temporal não pode ser abordada com clareza apenas pela pesquisa empÃrica, mas, para que se tente sua compreensão, solicita uma indagação conceitual transdisciplinar. O presente artigo procura traçar um painel das indagações mais relevantes nesse âmbito, a começar pela husserliana reflexão fenomenológica sobre a estrutura e a consciência do tempo, para chegar aos mais recentes estudos empÃricos que procuram mapear as áreas e estruturas cerebrais na origem de uma determinada experiência. O estudo, no entanto, mostra a inadequação de descrições meramente instrumentais, e aponta a necessidade de se apreender a natureza da passagem do nÃvel neurônico para o nÃvel mental para explicar o fenômeno consciência. É preciso, portanto, investigar os complexos mecanismos de realização da consciência, que têm como fundamento a temporalidade imanente, o fluxo de vida no qual surge a consciência originária do tempo. Para tanto torna-se necessário alcançar um ponto de observação privilegiado, capaz de abarcar conceitualmente as diversas facetas da concretização da consciência; o autor afirma a necessidade de uma pesquisa transdisciplinar que envolva, ao menos, filosofia, psicologia e neurofisiologia.