O curto, mas importante, ensaio recente de Susan Okin, publicado em 1997, Is Multiculturalism Bad for Women? [O Multiculturalismo é Ruim para as Mulheres?] esteve no centro de um animado debate sobre a relação entre feminismo e multiculturalismo. Focalizando sua atenção no viés ocidental da análise de Okin, os crÃticos não se deram conta do que pode bem ser seu ponto central, conquanto não explicitado: Nós (as feministas e os(as) cidadãos(ãs) das democracias ocidentais) precisamos julgar práticas culturais muitas vezes diferentes das nossas e, onde apropriado, declará-las “prejudiciais à s mulheresâ€, recusando dar-lhes apoio polÃtico. A questão deixada inexplorada pela feminista liberal Susan Okin refere-se a como poderiam ser estabelecidos julgamentos que não envolvessem uma aplicação das regras das culturas liberais ocidentais à s peculiaridades de culturas e práticas não-ocidentais e não-liberais. Valendo-me da obra de Hannah Arendt, procuro desenvolver uma concepção de julgamento que possa propiciar uma relação mais crÃtica com nossas próprias normas ou regras, facilitando assim uma prática menos etnocêntrica.
The recent Susan Okin’s short but important 1997 essay, “Is Multiculturalism Bad for Women?â€, has been at the center of a lively debate about the relationship between feminism and multiculturalism. Focusing their attention on the Western bias in Okin’s analysis, critics have missed what may well be the essay’s central if unstated claim: We (feminists and citizens of Western democracies) need to make judgments about cultural practices often different from our own and, where appropriate, declare them “bad for women†and refuse them our political support. The question, left unexplored by the liberal feminist Okin, is how judgments might be formed that would not involve an application of the rules of Western liberal cultures to the particulars of non-Western and non-liberal cultures and practices. Drawing on the work of Hannah Arendt, I attempt to develop a conception of judgment that would enable a more critical relation to one’s own norms or rules, thus facilitating a less ethnocentric practice.