Este trabalho se propõe a relatar a longa trajetória de um menino autista, no que diz respeito ao estabelecimento da noção de tempo.
Usando referenciais teóricos winnicottianos, procuro mostrar como o autismo é a evidência de um “não tempoâ€, de um processo que estagnou para se proteger de vivências terrorÃficas, vazias de qualquer sentido de significado.
Utilizando histórias que funcionaram durante muito tempo e de várias formas como o único elo de ligação entre nós, Lucas passa da utilização do ritmo (meu ritmo de leitura) a uma utilização do conteúdo para estabelecer dentro de si o tempo. Tempo de processo, tempo de mudança, tempo de vida.
A sua posição diante da vida, muda. Lucas revela interesse pelo seu ambiente. Depende muito de minha adaptação e da minha habilidade para compreendê-lo e dar sentido ao que viver, agora. Num tempo de descobrimento.