Este artigo coloca a questão de saber de onde provém a necessidade de se buscarem causas psicológicas para o sofrimento e para a doença, transformando o pathos dessas experiências cruciais na busca de uma explicação aceitável pela razão. Partindo de fragmentos clÃnicos e da análise do texto de Tausk sobre “a gênese do aparelho de influenciar†na esquizofrenia, o trabalho visa explicitar a especificidade da posição psicanalÃtica em relação à s proposições psicológicas (por vezes influenciadas pela própria psicanálise), de caráter explicativo e “compreensivoâ€, face a esta questão.
Propõe-se que “a tendência causalista em psicanálise constitui uma resistência ao próprio método psicanalÃtico†e que é exigido do psicanalista um trabalho particular de luto constituindo na renúncia à pretensão aos sentidos estabelecidos de uma vez por todas em benefÃcio de se admitir; a partir do contexto da situação psicanalÃtica, que podemos “sofrer sem razão†e que nosso pensamento se forma “do encontro de nosso desejo com alguns fragmentos, retos de palavras e fonemasâ€.
Conclui-se que a necessidade de se encontrar causas psicológicas para o sofrimento decorre da própria experiência originária de aquisição da linguagem, tempo mÃtico durante o qual um único aparelho de linguagem funcionou para dois corpos, fundador da relação desnaturada do ser humano com seu próprio corpo, para a qual o eu busca – desesperadamente – uma explicação definitiva.