Gene real, gene imaginário: uma perspectiva fantas(má)tica da hereditariedade

Revista Latinoamericana De Psicopatologia Fundamental

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ISSN: 14154714
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Início Publicação: 10/03/1998
Periodicidade: Trimestral
Área de Estudo: Psicologia

Gene real, gene imaginário: uma perspectiva fantas(má)tica da hereditariedade

Ano: 1998 | Volume: 1 | Número: 2
Autores: Rubens Marcelo Volich
Autor Correspondente: Manoel Tosta Berlinck | [email protected]

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Resumo Português:

A experiência clínica revela que, mesmo diante da doença orgânica, a referência exclusiva à anatomia, à fisiologia ou mesmo à genética não é suficiente para compreendermos o sofrimento de nossos pacientes. Para alcançarmos a essência deste sofrimento, é necessário que consideremos que, a partir do corpo real, anatômico, fisiológico, configura-se um outro corpo, um corpo imaginário, que se constitui, a partir do desamparo primordial, através da relação com um outro ser humano. Segundo esse processo, a criança constitui sua subjetividade, tornando-se um ser desejante, social, da cultura. A dissociação entre corpo anatômico e fisiológico e o corpo imaginário instaura um fissura através da qual se esvai a subjetividade, preparando o caminho para a experiência melancólica. Essa perspectiva revela que o adoecer comporta uma dimensão identificatória e intersubjetiva. A doença de indivíduo repercute, obrigatoriamente, no conjunto familiar através da genealogização do sintoma e do remanejamento das representações transgeracionais. Desta forma, é importante considerarmos essas experiências para compreendermos que o risco genético real, revelado pela ciência, é permeado pela vivência de um risco imaginário que determina as representações individuais e sociais da doença, e mesmo, em alguns casos, as possibilidades de sua manifestação bem como seus curso.