A lÃngua portuguesa conheceu um recurso de indeterminação do sujeito correlato ao francês on, e proveniente da mesma fonte, o latim homine(m). Embora muito frequente em textos arcaicos, a forma homem desapareceu da lÃngua portuguesa. Graças a uma edição crÃtica da obra Castelo perigoso, podemos talvez deslindar, em parte, as razões e a época do desaparecimento do pronome indefinido homem, resultado da gramaticalização do substantivo homem. Elisa Branco da Silva utilizou dois manuscritos da versão portuguesa (mss. Alc. 199 e 214, Biblioteca Nacional de Lisboa), situando temporalmente o Alc. 199 na primeira metade do séc. XV, e o Alc. 214 como cópia tardia do primeiro, feita em finais dos anos quatrocentos ou inÃcio dos quinhentos. Tomando como base da edição o Alc. 199, ela põe em aparato crÃtico as diferenças encontradas o Alc. 214. Aà vamos encontrar uma diferença fundamental no tratamento dado à s ocorrências de homem: o copista, muitas vezes, registra esse pronome antecedido do artigo definido. Esse fato pode nos balizar a época em que o caráter genérico desse recurso de indeterminação se tornou opaco: o copista teria interpretado a ocorrência como sendo (i) o substantivo homem, que precisa ser especificado com o artigo definido; (ii) como o homem, referência, por metonÃmia, à humanidade; ou, ainda, teria sofrido a concorrência da construção com o pronome se. Será demonstrado também que há diferenças entre o manuscrito e a versão impressa em outra obra (O cathecismo pequeno), conforme sua edição crÃtica.
Portuguese knew a resource of subject indeterminacy related to French on, and from the same source, Latin homine(m). Although very common in old texts, the form homem disappeared of Portuguese. Thanks to a critical edition of the work Castelo perigoso, perhaps we can unravel, in part, the reasons and the time of the disappearance of the indefinite pronoun homem, a result of the grammaticalization of the noun homem. Elisa Branco da Silva used the Portuguese version of the two manuscripts (mss. Alc. 199 and 214, Biblioteca Nacional de Lisboa), temporarily placing Alc. 199 in the first half of the 15th century, and Alc. 214 as a late copy of the first one, made in the end of the 15th century or in the beginning of the 16th century. Considering Alc. 199 as the basis for the edition, she puts in the critical apparatus the differences found in the copy. There we find a fundamental difference in treatment given to occurrences of homem: the copyist often registers this pronoun preceded by the definite article. With this fact we can delimit the time that the generic feature of the resource of indeterminacy became opaque: the copyist would have interpreted the occurrence as being (i) the noun homem, that must be specified with the definite article; (ii) as homem, reference, by metonymy, to humanity; or it even would have suffered the competition of construction with the pronoun se. It will be also shown that there are differences between the manuscript and the printed version in another work (O cathecismo pequeno), as we can see in its critical edition.