Nesta pesquisa analisam-se as inovações incorporadas na base técnica e nas relações de trabalho na indústria calçadista do Vale dos Sinos (RS), considerando as práticas e representações dos trabalhadores sobre as mudanças em curso. Ao comparar estratégias tayloristas-fordistas e toyotistas nas indústrias do setor, observam-se formas mistas, pois concomitante à inclusão de novas tecnologias permanecem modalidades de trabalho tradicionais, principalmente nas pequenas e microempresas. O ritmo de trabalho tende a ser mais acelerado em grupo, mas as tarefas são consideradas menos monótonas e cansativas do que na esteira individual. Estão ocorrendo mudanças no papel das chefias, com relações de trabalho mais democráticas e dialógicas, embora as estratégias empresariais sejam direcionadas, basicamente, à geração de novas estruturas de disciplinamento da força de trabalho. A vigilância ocorre de forma indireta e é internalizada pelos trabalhadores. Os dados sobre o cotidiano fabril evidenciam relações dicotômicas de cooperação e conflito, que determinam as preferências e posturas dos trabalhadores relativas à questão da satisfação no emprego e à sua inserção no processo de trabalho.