O artigo examina a recepção do pensamento construtivista (radical) na Teologia Prática, tomando por exemplo a pedagogia religiosa e a poimênica. Constata-se que o pensamento construtivista foi recebido pelos diversos campos de atuação da Teologia Prática de maneira independente entre si. Um modelo especÃfico de Teologia Prática fundamentado sobre uma base construtivista ainda não existe. Uma pedagogia religiosa construtivista problematiza o ensino religioso confessional, podendo servir de apoio para ideias de um ensino religioso geral, supraconfessional, embora seja problemático distinguir este último do ensino da ética. Na pedagogia religiosa, o construtivismo leva ao abandono da teoria curricular orientada para objetivos especÃficos de ensino. Nessa compreensão da aprendizagem, a ênfase é dada à atividade pessoal (Selbsttätigkeit) do sujeito. Disso resultam novas propostas didáticas, não significando, porém, uma renúncia à didática no sentido do ideal da aprendizagem plenamente auto-organizada. A introdução de padrões educacionais (Bildungsstandards), bem como a orientação para competências, tanto no ensino quanto na formação dos(as) professores(as), podem ser compreendidos como expressão e adaptação didática de uma pedagogia religiosa construtivista. O desenvolvimento da teologia da criança e do fazer teologia com as crianças pode ser entendido como consequência do pensamento construtivista. Na poimênica de orientação pastoral-psicológica, a recepção do pensamento construtivista ocorreu através da terapia familiar sistêmica e da teoria de sistemas de Luhmann. A partir da poimênica sistêmica de Christoph Morgenthaler, demonstramos como a reflexão teológica apresenta a referência a Deus enquanto realidade dinâmica no sentido de uma correção crÃtica dos construtos de Deus, dinamizando dessa maneira o desenvolvimento religioso nos sistemas inter-relacionais. Por fim, assumindo o ponto de vista que a Teologia Prática é um sistema de observação de segunda ordem, problematizamos o escopo universal da religião do sujeito, ou da religião na sociedade/esfera pública e perguntamos até que ponto as igrejas estão receptivas para uma Teologia Prática construtivista orientada para a práxis religiosa plural, e a quais interesses polÃticos serve a tematização de uma religião não-confessional na sociedade.