O presente artigo tem como objetivo apresentar as reflexões empreendidas sobre a emergência da categoria pobreza e suas possibilidades de diálogo com a Psicologia tomando como cenário a realidade latino-americana e brasileira. Para tanto, parte-se da discussão da pobreza a partir de um enfoque multidimensional, que coloca em evidência a impossibilidade de que este fenômeno seja capturado somente a partir de questões monetárias. Ao contrário, coloca-se em pauta a necessidade de seja pensada a realidade psÃquica, simbólica e polÃtica vivida por sujeitos nessas condições. A pobreza, uma das manifestações do processo de marginalização ao qual foi submetido o povo latino-americano, contribui para o desenvolvimento de formas singulares de estruturação do psiquismo. Apesar da pobreza e da realidade social da América Latina constituÃrem de forma singular o psiquismo humano, este sujeito deve ser compreendido como potencial e em expansão, não anulando sua capacidade de enfrentar e de transformar uma realidade social opressora. Neste estudo de natureza bibliográfica, são, portanto, apresentadas categorias psicológicas emergentes em condições de pobreza, tais como a Ideologia de Submissão e de Resignação (Góis, 2008), a Cultura da Pobreza (MartÃn-Baró, 1998), a Cultura do Silêncio (Freire, 1980) e a SÃndrome Fatalista (MartÃn-Baró, 1998), demonstrando a capacidade do indivÃduo de (re)agir diante de condições de vida que lhes são dolorosas. Por conseguinte, a observação dessas categorias contribui para enfatizar a possÃvel e necessária implicação da psicologia com os sujeitos que se encontram em condições de opressão, desnaturalizando concepções e anunciando compreensões a partir do ponto de vista dos sujeitos.