Como contribuição ao estudo das relações entre música, significação e subjetividade, proponho que a dialética entre o semiótico e o simbólico, elaborada por Julia Kristeva, seja eficiente para a
compreensão da experiência musical e de sua participação nos processos de construção de sentido e
subjetividade, com relativa autonomia em relação à linguagem. A libertação da escuta estrutural, sintática, conceitual, realizada pela música de Webern (o semiótico), produziu uma ruptura radical com as
estruturas hierárquicas da tonalidade. Este novo modo de ouvir remete o ouvinte sensorialmente Ã
superfÃcie auditiva, material, liberando o processo de signifiance, que, ao penetrar no interior de um
código de comunicação social - a música -, fabrica novos sujeitos, novas práticas de dizer.