O ensaio se propõe abordar a questão “O que é a forma poética?†a partir
de uma perspectiva pragmática, ou seja, a partir de uma consideração sobre o que
fazemos ao produzir uma novidade na linguagem. A inovação é estruturalmente uma
categoria comunicacional: assim como cada ato de produção formal envolve a
totalidade de uma prática linguÃstica, o funcionamento da prática depende do poder
de inovação do ato individual. Através da terminologia da teoria da informação, a
economia da novidade de uma prática emerge das tendências opostas à compressão
(ao ganho em tensão diferencial) e à redundância (a perda em tensão diferencial).
Sem a permanente reintrodução poética da novidade a prática perderia a sua energia
diferencial, perdendo a sua capacidade de funcionamento: a inovação não é opcional
para a práxis humana, mas sim um requerimento indispensável. A dinâmica criada
pelo jogo entre as duas tendências abre uma perspectiva pela qual a forma se torna
plenamente quantificável. Isso pode ser descrito através de um conceito de gradiente
que permita distinguir estruturalmente as práticas de alta e de baixa inovatividade –
destarte introduzindo um modelo do poético aplicável no espectro que vai da
linguagem cotidiana ao discurso literário.