Há muito em comum entre literatura e medicina. Ambas tem a ver, em última análise, com a condição humana; e nada é mais revelador da condição humana do que a doença. Quando a pessoa está doente, sobretudo quando está gravemente doente, caem suas máscaras, suas defesas, e ela se revela tal qual é. Mas esta é uma situação que precisa ser expressa através da palavra, e de novo, este é um elo comum. A literatura usa a palavra como instrumento estético; a medicina usa a palavra como forma de investigação, como meio de comunicação e também como terapia – a ―talk therapy‖, que é a denominação dada pelos norte- americanos à psicoterapia. E as palavras têm peso: câncer, por exemplo. Uma das tarefas do médico é convencer o paciente que ―câncer é uma palavra, não um veredicto‖, como diz em tÃtulo de livro oncologista e professor da Universidade de Toronto, Robert Buckman.