O Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina foi criado no começo da década de 1960, à época como Ginásio de Aplicação, seguindo um modelo de instituição que já havia sido planejado e implantado em outras universidades do paÃs com o mesmo objetivo: oferecer aos professores e acadêmicos das licenciaturas um campo de estágio e de experimentação pedagógica. Contudo, desde o momento em que o colégio foi implantado, o perfil social de seus discentes começou a mudar gradativamente, em parte em decorrência do exame de seleção escolar para a entrada na instituição e da orientação escolanovista que estava sendo implantada desde a segunda metade da década de 1960. Os alunos pobres e originários do Abrigo de Menores de Florianópolis, que eram maioria quando a instituição foi implantada, estavam dando lugar a estudantes das camadas médias, que, não raro, eram oriundos dos colégios particulares frequentados pela elite da cidade. O presente artigo dialoga com os conceitos elaborados por teóricos da sociologia da educação, em especÃfico, as considerações sobre capital cultural e capital social do sociólogo Pierre Bourdieu e sobre cultura escolar do historiador Dominique Julia. Nosso objetivo é entender como a cultura escolar do colégio, por meio de atividades extraclasse promovidas pela instituição, foi sendo construÃda para possibilitar a mudança no perfil dos discentes e no seu respectivo capital cultural em menos de uma década, três delas em especial: o governo comunitário, o código de conduta e os jornais estudantis