Este texto se propõe a fazer uma análise sobre a participação das mulheres negras
com doutorado ou mais e atuantes no ensino universitário, até o ano de 2005.
Apoiamo-nos nos indicadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Superior (Sinaes) e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais AnÃsio
Teixeira (Inep), que aponta um total de 63.234 docentes na educação universitária,
dos quais apenas 251 são negras. Segundo Bordi e Bautista (2007), há um número
signi cativamente inferior de mulheres nos campos de representações de poder,
no âmbito universitário, uma vez que o desempenho individual não constitui
a principal chave responsável por permitir a ascensão na carreira. O trabalho
de Kiss, Barrios e Ãlvarez (2007) acrescenta que o acesso à quele mundo inclui
também as relações de poder mediadas pelas de gênero. Num dos esparsos estudos
brasileiros sobre o tema, Carvalho (2007) nos fala do ambiente inóspito para
os afro-brasileiros quando logram ingressar na qualidade de docentes. Assim,
podemos pensar que o Ãn mo número de doutoras negras é uma consequência
da conjunção de fatores como o sexismo e o racismo. Nosso intento é, portanto,
demonstrar as acentuadas disparidades quando observamos a atuação das variáveis
raça e gênero, notadamente no âmbito da Educação Superior brasileira.