Com o objetivo de analisar os aspectos que tornam as representações de gênero como atualizadoras da redefinição da construção identitária, em contraponto ao legado fonofalologocêntrico eurodescendente, a partir da constituição do mito em O Forte de Adonias Filho; este artigo parte do princÃpio de que natureza fragmentada do ser humano contraria a pretensa homogeneização do ser, moldada pela abstrata universalidade moderna, cuja máxima é a racionalidade. Tal racionalidade ocidental, falocêntrica, branca, ignorou a heterogeneidade e não permitiu o surgimento de outras vozes, enquanto sujeitos do conhecimento. O presente artigo parte da hipótese de que o Forte é um elemento totêmico e desencadeia as relações mÃticas, que estabelecem tabus e possibilita – por ser o mito uma entidade pré-lógica ocidental – uma redefinição das representações femininas, em contraponto ao legado fonofalologocêntrico eurodescendente, ao longo das narrativas. O amor incondicional de Adonias Filho à condição humana nos permitiu, neste artigo, adentrar no recôndito de seres, marcados tanto pelo espaço, quanto pelo tempo, numa dimensão mÃtica. Se a memória do discurso ocidental revelou, em sua formação, pela via da padronização e da racionalização, princÃpios como a unidade, o fechamento, a ordem, o anseio do absoluto e a racionalidade, a memória mÃtica transpõe o pré-dado, possibilitando o olhar multifacetado.