Estamos vivendo um momento de grandes esperanças advindas das inovações
tecnológicas na neurociência, que levaram a uma profusão de estudos na neurociência cognitiva,
afetiva e social. A meta de diagnosticar, tratar e prevenir doenças com origem no cérebro é
louvável e relativamente protegida pelas normas éticas estabelecidas ao longo do tempo. Mas
este notável progresso trouxe em seu bojo enormes desafios éticos, legais e sociais, principalmente
pelas possibilidades, não almejadas, da aplicação dessas tecnologias. Algumas, de natureza
prática, referentes à s aplicações das neurociências e suas implicações para os indivÃduos e a
sociedade. Outras, mais filosóficas, relativas à maneira como nos pensamos como pessoas,
agentes morais e seres espirituais. É de alguns desses desafios que nos ocuparemos neste artigo,
trazendo algumas recomendações, cuidados e questionamentos éticos peculiares à neurociência,
dando continuidade a trabalho anterior.