Baseado em etnografia, o presente texto analisa a noção de cativeiro e a sua centralidade
para os praticantes da congada, manifestação artÃstica de cunho religioso que faz parte das
tradições genuinamente negras e brasileiras. Ressalta que a congada quebra o silêncio sobre o
passado da escravidão de forma singular, pois permite encontrar nessa experiência traumática
elementos de valorização do negro e do descendente de escravos, conferindo-lhe lugar senão de
honra, pelo menos de respeito na cena histórica brasileira. A conclusão do estudo aponta para
o fato de a congada ser parte de uma herança cultural intangÃvel da escravidão, que traz em si
um potencial contestador das desigualdades sociais.