Este trabalho tem por objetivo analisar as principais contribuições de epistemólogos
sobre as concepções de normal e patológico, saúde e doença, e fazer uma apreciação desses
conceitos diante dos avanços tecnológicos da medicina. Discute em especial o conflito ético da
conduta cirúrgica do médico oftalmologista, quando extrai o cristalino normal (segundo os
pressupostos de normalidade referidos por esses autores) e implanta, em seu lugar, uma lente
artificial, que acrescenta à visão do paciente, portador de ametropia ou presbiopia, qualidades
superiores as com cristalino normal. Além disso, o autor faz um exercÃcio de previsão das possÃveis
alterações nos conceitos de normal e patológico, nas pessoas sem implantes e com implantes.
Conclui por considerar que o acréscimo de qualidades visuais em grande parte da população
poderá modificar o conceito de normal e patológico, tornando deficiente a parcela da população
que não tem acesso a essas novas tecnologias.