Pacientes obesos podem apresentar melhor
evolução pós-intervenção coronária percutânea (ICP) quando
comparados à queles com Ãndice de massa corporal (IMC)
normal, o chamado “paradoxo da obesidadeâ€. Este estudo
teve por objetivo verificar se esse paradoxo ocorre em nosso
meio. Métodos: IncluÃmos neste estudo 4.957 pacientes
submetidos consecutivamente a ICP. Os pacientes foram
classificados em não-obesos (IMC < 30 kg/m²) e obesos
(IMC > 30 kg/m²). Eventos cardÃacos e cerebrovasculares
adversos maiores (ECCAM) foram registrados na alta hospitalar.
Resultados: O grupo de obesos apresentou-se três
anos mais jovem, com maior prevalência de fatores de
risco para doença arterial coronária, à exceção do tabagismo.
A apresentação clÃnica foi semelhante, prevalecendo
os quadros clÃnicos estáveis. Predominaram os pacientes
com acometimento uniarterial, as caracterÃsticas de complexidade
das lesões não diferiram entre os grupos, à exceção
de lesões calcificadas, e a disfunção ventricular
esquerda foi menos frequente no grupo de obesos. O diâmetro
e a extensão dos stents utilizados foram semelhantes
entre os grupos. A taxa de sucesso do procedimento foi alta
e similar para obesos e não-obesos. Na alta hospitalar, a
incidência de ECCAM (2,5% vs. 2,7%; P = 0,76), óbito
hospitalar (1% vs. 1,1%; P = 0,88), acidente vascular cerebral
(0,1% vs. 0,1%; P = 0,79), infarto agudo do miocárdio
(1,6% vs. 1,8%; P = 0,74) e revascularização miocárdica
de emergência (0 vs. 0,1%; P = 0,35) não mostrou diferenças
entre os grupos. Idade, diabetes, hipertensão e lesões tipo
B2/C foram as variáveis que melhor explicaram a presença
de ECCAM. Conclusões: Em pacientes portadores de doença
arterial coronária e submetidos a ICP, o IMC > 30 kg/m² não
influenciou o risco de eventos clÃnicos hospitalares relacionados
ao procedimento.
Obese patients may have better outcomes after
percutaneous coronary intervention (PCI) compared to those
with normal body mass index (BMI), the so-called “obesity
paradoxâ€. This study was aimed at evaluating whether this
paradox is observed in our country. Methods: This study
included 4,957 consecutive patients submitted to PCI. Patients
were classified as non-obese (BMI < 30 kg/m²) and obese
(BMI > 30 kg/m²). Major adverse cardiac and cerebrovascular
events (MACCE) were recorded at hospital discharge.
Results: The obese group was three years younger, with
a higher prevalence of risk factors for coronary artery disease,
except for smoking. Clinical presentation was similar,
with a predominance of stable coronary patients. Single
vessel disease was the most frequent finding and the complexity
of the lesions was not different between groups,
except for calcified lesions, and left ventricular dysfunction
was less frequent in the obese group. Stent diameter and
length were similar between groups. Procedure success rate
was high and similar for obese and non-obese patients. At
hospital discharge, the incidence of MACCE (2.5% vs. 2.7%;
P = 0.76), in-hospital death (1% vs. 1.1%; P = 0.88), stroke
(0.1% vs. 0.1%; P = 0.79), acute myocardial infarction (1.6%
vs. 1.8%; P = 0.74) and emergency CABG (0 vs. 0.1%;
P = 0.35) was not different between groups. Age, diabetes,
hypertension and type B2/C lesions were the variables that
best explained MACCE. Conclusions: In patients with coronary
artery disease undergoing PCI, BMI > 30 kg/m² did
not influence the risk of procedure-related in-hospital clinical
events.