O artigo utiliza o conceito de Hegemonia de Antônio Gramsci para considerar dois paradoxos que a análise de Cultura PolÃtica aponta existirem na América Latina. Os dados analisados são oriundos de dois bancos de dados, o do World Values Survey e o da Encuesta Panamericana e apresentam um cenário regional de aceitação democrática concomitante a certo “saudosismo da ditadura†– conceito construÃdo para demarcar o primeiro paradoxo, o da manutenção de valores autoritários entre a população latino-americana apesar de haver a defesa da democracia e dos seus procedimentos. O paradoxo teórico deste cenário ocorre, pois, embora a perspectiva da Cultura PolÃtica – inaugurada pela Ciência PolÃtica Estadunidense com o clássico “The Civic Culture: political attitudes and democracy in five countries†de Almond e Verba - consiga descrever o comportamento polÃtico dos latino-americanos, é insuficiente para explicar porque há na região uma institucionalização da democracia como forma e não como conteúdo. Seguindo a perpectiva gramsciana, inseriu-se a dimensão do poder e da sua disputa para problematizar a formação da opinião pública e dos valores polÃticos que legitimam esse formato de democracia apesar das especificidades sociais, econômicas e culturais da região.