Este trabalho se insere no incipiente campo da história do turismo no Brasil, indagando em suas antecipações no século XIX, ou seja, nas práticas e representações que, em boa medida, o fundamentaram, ainda durante o século XX. Eis a principal idéia que nos fez revisitar os oitocentos desde uma perspectiva diferente na qual o turismo constitui o centro da reflexão. Partindo desse pressuposto e da sua natureza – uma construção social – foco minha leitura da história do Brasil a partir da chegada da FamÃlia Imperial até o último quartel do século XIX. Nessa etapa pensei a ocidentalização e reprodução de aspirações, particularizando, nos hábitos e costumes trazidos pelos Bragança ao Brasil. De particular interesse resultaram as práticas terapêuticas da época e os banhos de mar. Detenho-me também em guias de viagens da época, na construção da natureza recreativa, do ócio e do lazer entorno de elementos naturais da geografia carioca, assim como na viagem turÃstica dos norte-americanos ao Rio de Janeiro. Esses aspectos tornam complexo o estudo histórico do turismo em uma etapa prévia a sua organização, estruturação e inserção na pauta do poder público o que entra em contradição com interpretações presentes no meio acadêmico brasileiro. A contribuição teórica deste artigo, que se inspira e dialoga com os estudos de Marc Boyer e de Haroldo L. Camargo, aponta para uma proposta de estudo do turismo relacionada à História do Brasil.