Do rio Madeira ao rio Trombetas: novas evidências ecológicas e históricas da origem antrópica dos castanhais amazônicos

Revista Novos Cadernos Naea

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ISSN: 15166481
Editor Chefe: Edna Maria Ramos de Castro
Início Publicação: 31/05/1998
Periodicidade: Semestral

Do rio Madeira ao rio Trombetas: novas evidências ecológicas e históricas da origem antrópica dos castanhais amazônicos

Ano: 2011 | Volume: 14 | Número: 2
Autores: Ricardo Scoles
Autor Correspondente: Ricardo Scoles | [email protected]

Palavras-chave: Castanheira, Bertholletia excelsa, Floresta antropogênica, Ecologia histórica, Amazônia

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Na região amazônica, as descobertas
arqueológicas e os estudos de ecologia histórica
das últimas décadas mostram que a paisagem
fl orestal foi modelada pelas sociedades précolombianas,
ocupantes de boa parte do
território e com alta capacidade de transformação
da natureza. A árvore de castanheira, espécie
útil de distribuição pan-amazônica seria um
exemplo dessa estreita relação entre o ser
humano e a fl oresta amazônica desde tempos
pretéritos, tanto assim que ela é considerada
uma árvore indicadora de distúrbios passados.
Reforçando essa teoria, apresentamos um estudo
comparativo de populações de castanheira em
duas regiões da Amazônia brasileira distantes
mais de 700 km (nas bacias do rio Madeira e
do rio Trombetas) e com distintos padrões
históricos de ocupação humana. Dessa forma,
este trabalho confi rma a hipótese da origem
antrópica dos castanhais (fl orestas com alta
densidade de castanheira) e obriga a revisar
o conceito de fl oresta primária e o mito da
natureza intocada no bioma amazônico,
expressões ainda hoje dominantes no discurso
de alguns setores preservacionistas.



Resumo Inglês:

In the Amazon region, archaeological and
historical ecological discoveries in the last
decades argue that forest landscapes were
modeled by pre-Columbian societies, who
occupied the region and were very capable of
transforming nature. The Brazil nut, a useful
species with a nearly pan-Amazonian distribution,
is an example of the close relationship between
humans and Amazonian forests through time;
it is even considered an indicator tree of past
human disturbance. In support of this theory,
we present a comparative analysis of Brazil nut
populations in two Brazilian Amazonian regions
that are more than 700 km distant from each
other, the Trombetas River and Madeira River
basins, which have different historical patterns
of human occupation. This study confirms
the anthropogenic origin hypothesis of the
castanhais, high density stands of Brazil nut trees,
and demands a revision of the concept of the
pristine forest and the myth of undisturbed
nature in the Amazonian biome, ideas that are
still dominant among some conservationist
groups.