De maneira bastante geral, podemos afirmar que o existencialismo francês, de Sartre, Merleau-Ponty, Gabriel Marcel, Jean Wahl e tantos outros, é a expressão mais acabada deste resgate do concreto, cujo ideal era, grosso modo, pôr a baixo o idealismo, o racionalismo, o espiritualismo de uma filosofia assim chamada “oficialâ€. Certamente, nenhum espÃrito pôde ficar indiferente a este cenário e poucos souberam se resguardar dos excessos e de certa ingenuidade que reflete o entusiasmo deste momento. Por isso é que o tÃtulo do presente trabalho tem algo de provocador. A hipótese geral que gostarÃamos de apresentar aqui é, precisamente, a de que o racionalismo que marca a obra de Gaston Bachelard deve ser entendido como uma filosofia da experiência concreta que, naturalmente, como pretendemos mostrar, assume um sentido bastante distinto deste a que acabamos nos referir, a começar pela fonte que, segundo nos parece, o inspira essencialmente: a filosofia de Henri Bergson.