O cotidiano de mulheres e o cuidado com a saúde estão relacionados neste trabalho e discutidos a partir da noção de ladainha. O ladainhar se constitui como um processo de práticas de cuidado e de resistência das mulheres. A pesquisa foi realizada no povoado de Areia Branca em Aracaju e na cidade de Ottawa, no Canadá. Teve como objetivos estudar o contexto de saúde em um processo de transição; conhecer as práticas de saúde e de atendimento à saúde, bem como sua relação com a comunidade local. Em Areia Branca, foram realizadas visitas domiciliares junto com Agentes Comunitárias de Saúde; participação nas reuniões da equipe do Programa de Saúde da FamÃlia; e em alguns atendimentos de pré-natal e no grupo de gestantes. No Canadá, foram realizadas visitas à ClÃnica Médica e ao Abrigo ligados ao Centro Católico de Imigração, atendendo principalmente refugiados recém-chegados ao paÃs; também houve participação nas entrevistas médicas e nas reuniões do Conselho de Imigração de Ottawa. A pesquisa adotou uma perspectiva etnográfica, que contribuiu para o fortalecimento da noção de ladainha. Processos de transição, recomeço e reinvenção da vida são encontrados na pesquisa, tornando-os, assim, foco da análise. Entre Areia Branca e Ottawa, foi possÃvel fortalecer e inter-relacionar práticas diferenciadas de pesquisa. A noção de ladainha aproxima os lugares e os compõem como campo de pesquisa. Este trabalho mostrou que, mesmo em contextos distintos, as mulheres persistem em suas ladainhas, garantem um cuidado à saúde e percorrem diferentes trajetos de acordo com suas necessidades.