Após algumas reflexões sobre a antropologia em áreas de fronteira e uma breve caracterização da fronteira Brasil-Peru na região do Alto Juruá, este artigo aborda as relações entre os Ashaninka da aldeia Apiwtxa (Brasil) e os Ashaninka da Comunidade Nativa de Sawawo (Peru), duas comunidades vizinhas situadas no rio Amônia, um afluente do Juruá. Ele apresenta a concepção que os Ashaninka de
Apiwtxa desenvolveram sobre a fronteira internacional e suas noções de identidade étnica e nacionalidade. Procura-se mostrar que o entendimento das dinâmicas identitárias contemporâneas nessa região de fronteira não pode ser desvinculado de seu contexto histórico mais amplo, ou seja, da situação polÃtica e econômica diferenciada que tem sido vivenciada pelas duas aldeias ashaninkas, caracterizadas por modelos de desenvolvimento e polÃticas indigenistas distintas e, em grande medida, opostas.