Neste artigo tomamos uma afirmação recorrente no campo da psicologia, a saber, a
de que o trabalho do psicólogo é necessariamente ético e não técnico. Para
compreender a emergência de tal assertiva buscamos percorrer algumas questões
sobre o surgimento da psicologia em sua relação paradoxal com as perguntas sobre
o conhecer e o conhecimento. A contribuição de uma perspectiva das redes é
discutida no sentido de não localizar a ética e a técnica em pares dicotômicos, mas
considerar a participação de não humanos na configuração dos conhecimentos e da
ciência. Por fim, defende-se o diálogo com algumas abordagens sistêmicas da
cognição como forma de recolocar o problema da técnica para a psicologia como
disciplina moderna, apontando para uma abordagem da ética como ação encarnada
em contraponto ao representacionismo do paradigma cognitivista.
This paper discusses a recurring proposition in the psychology field, namely that for
its diversity, the work of the psychologist is necessarily more ethical than technical.
In order to understand that proposition we go over to the emergence of psychology in
its paradoxical relationship between knowing and knowledge. The network approach
helps us to avoid dichotomizing ethical and technical dimensions by considering the
participation of non-human in the knowledge and the science. The dialogue with
cognitive science allows us to face the problem of the technique in psychology,
pointing to an approach to ethics as embodied action in opposition to a cognitiverepresentative
paradigm.