Esse artigo problematiza a questão da carta como uma importante fonte de análise para a história, já que se abre para questões que envolvem aspectos ligados ao cotidiano e as sensibilidades. Utilizo para tal atividade as cartas-retorno, escritas por LuÃs Mendes Ribeiro Gonçalves ao seu amigo da Academia Piauiense de Letras - A.Tito Filho. Essa fonte foi importante para perceber o clima de sociabilidade intelectual entre os anos de 1970 e 1980. Na tentativa de cartografar o circuito retroalimentado de significação entre os dois missivistas observei aspectos do cenário literário e cultural de Teresina, que permitiram refletir sobre as cartas como escritas de si ou espaços de construções da imagem, já que existe uma tentativa de encenação da linguagem, da escrita, interpretados pelos missivistas que se utilizam da palavra para marcar seus lugares, dizer suas preferências, mostrar suas inquietações, sonhos e desejos, mas também para construir sentidos para um possÃvel público de leitores. Concluo que as cartas territorializam afinidades marcadas entre dois intelectuais que se utilizam do signo da amizade para dizerem seus territórios de afinidade e cumplicidade.