Proclamado inicialmente por Peirce e outros seus compatriotas, o Pragmatismo demorou quase 100 anos até se tornar disciplina filosófica e linguÃstica consagrada. A viragem pragmática, considerada por Austin até mesmo de carácter ‘coperniciana’, necessitou portanto de uma fase ‘embrional’ prolongada. Por outro lado, é sobejamente sabido que a consideração explÃcita de ideias de teor pragmático desempenhou um papel importante na Filosofia da Linguagem e na LinguÃstica da primeira metade do século XX. No âmbito deste contexto, pretendo escrutinar as análises do discurso vinculadas aos termos Kundgabe, Mitteilung, e Darstellung e levadas a cabo por quatro pensadores (filósofos e linguistas) diretamente ligados à Fenomenologia: Husserl, Bühler, Ammann e Heidegger. Partindo do facto de que Habermas, como pragmatista ‘amadurecido’, via no modelo ‘organon’ de Bühler, por sua vez edificado nesta trÃade terminológica, um dos mais importantes impulsos para a viragem pragmática, pretendo mostrar que houve uma vasta discussão sobre a estrutura e a pragmaticidade do discurso na linha do pensamento fenomenológico. A orientação da análise nesta trÃade terminológica permite que as afinidades e divergências do olhar fenomenológico sobre aspetos pragmáticos se revelem de uma forma peculiar.