Neste artigo compósito, proponho uma leitura não-antropocêntrica da história territorial brasileira. Na parte I, reconstruo teoricamente o conceito de território de modo a ‘subjetificar’ toda e qualquer coisa terrena, descentrando a agência histórica. Para isso, sugiro encarar o território como um campo vital contÃnuo (i.e., sem ‘buracos’), diversificado e todo-abrangente de que os seres humanos participam, como condição necessária de sua existência terrena. A partir dessa perspectiva, estar no território significa ‘vibrar’ na mesma faixa de frequência vital dos outros seres e coisas naturais, influenciando suas atividades e sendo influenciado por elas. Desenvolvida essa teoria, passo a utilizá-la, na parte II, para a construção de uma breve narrativa acerca do encontro e das adaptações recÃprocas entre florestas costeiras, amerÃndios, colonos neoeuropeus e formigas cortadeiras, durante a colonização portuguesa. A tÃtulo de conclusão, ressalto o contraste entre a atitude ‘dialogal’ e a atitude ‘colonial’ com que amerÃndios e neoeuropeus, respectivamente, participavam dos encontros ecológicos, mais-do-que-humanos, que proponho chamar de territórios. (parte II, próximo número de HALAC)
In this composite paper, I propose a non-anthropocentric reading of the Brazilian territorial history. In part I, I try to theoretically reconstruct the concept ofterritory so as to ‘subjectify’ all and every earthly thing, decentering historical agency. For this, I suggest approaching territory as a continuous (i.e., no ‘holes’), diverse and all-encompassing vital field in which humans participate as a necessary condition of their earthly existence. From this perspective, to be in the territory means 'vibrating' in the same life-frequency of other natural beings and things, influencing their activities and being influenced by them. Then, In Part II, I will use this theory for the construction of a brief narrative about the encounter and reciprocal adaptations between coastal forests, Amerindians, neo-European settlers and leaf-cutting ants, during the Portuguese colonization. In conclusion, I emphasize the contrast between the 'dialogical' attitude and the 'colonial' attitude with which Amerindians and neo-Europeans, respectively, participated in the ecological, more-than-human encountersI propose to call territories. (Part II, next issue of
HALAC).