Este artigo discute a participação do espectador na trajetória poética da artista Lygia Clark.
Desenvolveu-se, para tanto, uma pesquisa documental com base nos textos escritos por ela
durante a década de 1960. No estudo, utilizou-se como referencial teórico a teoria do não-objeto
(GULLAR, 1999), a produção crÃtica sobre o trabalho da artista (FABBRINI, 1992; MILLIET, 1994), e
as análises de Rolnik (1999). Para constituir essa trajetória, estipulou-se uma tipologia da
participação em três momentos: a participação objetual, a corpóreo-sensorial e a coletiva.
Concluiu-se que, ao encontrar a imanência do ato como geradora da poética, e entregá-la ao
espectador, Clark foi em direção à desmaterialização do objeto artÃstico, descobrindo na dimensão
coletiva do ser humano uma capacidade criadora radical.