Sob o prisma da psicologia evolutiva, esse artigo pretendeu analisar como nossa espécie se tornou susceptÃvel ao vÃcio em substâncias psicoativas. Trabalhamos com duas hipóteses dicotômicas. A primeira é de que a seleção natural estruturou em nossa mente mecanismos de prazer que estão ligados à manutenção da vida e ao sucesso reprodutivo, e nesse sentido as drogas são uma espécie de atalho dentro desses mecanismos. A dependência, nesse contexto, estaria ligada ao descompasso quÃmico em nosso cérebro causado por um desgaste. A outra hipótese é a de que as drogas psicoativas foram importantes para a manutenção da vida de nossos ancestrais em perÃodos difÃceis e de muitas incertezas. Então, se considerarmos o seu fator viciante, ele seria uma consequência adaptativa do uso comum das drogas no passado. Além de trabalhar essas hipóteses, o artigo objetiva alertar os legisladores e os formuladores de polÃticas públicas sobre a necessidade de se refletir sobre novos meios de controle da drogalização na sociedade contemporânea.