MANDUKA, O HOMEM QUE NÃO SABIA MORRER: UM RELATO DO BAIXO UAUPES NA MEMÓRIA DOS POVOADORES INDIGENAS DA REGIÃO

Revista FSA

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ISSN: 1806-6356
Editor Chefe: Marlene Araújo de Carvalho
Início Publicação: 31/12/2003
Periodicidade: Trimestral
Área de Estudo: Multidisciplinar

MANDUKA, O HOMEM QUE NÃO SABIA MORRER: UM RELATO DO BAIXO UAUPES NA MEMÓRIA DOS POVOADORES INDIGENAS DA REGIÃO

Ano: 2014 | Volume: 11 | Número: 4
Autores: J. E. B. Rodrigues, D. T. Santos
Autor Correspondente: J. E. B. Rodrigues | [email protected]

Palavras-chave: Espaços do terror Manduca. Baixo Uaupés. Tukano. Etnologia da intervenção. Amazônia Brasileira.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A complexidade emblemática de Manduca, dispersa imageticamente por vários enclaves do Alto Rio Negro, deve-se fundamentalmente, e em primeira ordem, a sua condição de “filho da terra” enquanto cunhado dos Pira-tapuia, fato que o aproximava à categoria de nobre e lhe outorgava uma ampla prerrogativa que usou vilipendiosamente como forma de biopoder; dito em outras palavras, exercendo o controle dos corpos: controle tanatocrático; desafiando qualquer tipo de restrição e limite sobre a vida de seus capangas e vassalos. Em segundo termo, sua vida de homem infame, de trajetória cruel e obscura, convertia-o num intocável, um pérfido ser, ávido de poder, figurando de forma exemplar e exemplificante, além da vida, enfim, um astuto conhecedor da região e dos medos da sua gente, que se acostumou vilmente a roubar vidas e ostentar uma autoridade que a cada instante referenciava nos gestos da morte. A seguinte proposta aborda a personagem de Manduca, comerciante do ciclo da borracha, através de um audiovisual produzido com os índios de fala tukano do Baixo Rio Uaupés, tendo como contexto cenográfico o próprio enclave do terror, a Ilha de Bela Vista. Este produto imagético-narrativo, que evoca desde o presente etnográfico uma sócio-espacialidade do terror na geografia do Uaupés, constitui também um dos elementos do processo de negociação em andamento pesquisa-intervenção social, entre comunidades do pensamento, em outras palavras, os tukano do rio Uaupés e os pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas.



Resumo Inglês:

The emblematic complexity of Manduka, imagetically dispersed by several enclaves of the Upper Rio Negro, is mainly due to, and to first order, its status as "son of the land" as Pira-Tapuia brother-in-law, whose fact approached himself to the category of a noble and gave to him a wide prerogative, slightly used as a form of biopower; said in other words, exercising the control of the bodies: thanatocratic control; challenging any restrictions and limits over the life of his henchmen and vassals. In second term, his life of infamous man, cruel and obscure path, converted him into an untouchable and perfidious being, greedy for power, appearing in an exemplary manner, and exemplifying, beyond life. An astute expert of the region and the fears of his people, who got despicably used to steal lives and sporting an authority that every moment made references in the gestures of death. The following proposal addresses the character of Manduka, dealer of the rubber boom, through an audiovisual produced with the Indians of the Lower Rio Uaupes, who speak Tukano, having as scenographic context the enclave of terror itself, the Bela Vista island. This imagetic-narrative product that evokes from the ethnographic present a socio-spatiality of terror in the geography of Uaupes, also constitutes one of the elements of the negotiation process underway research-social intervention, among communities of thought, in other words, Tukano from Uaupes river and the researchers from the Federal University of Amazonas.