Quais conexões se podem estabelecer entre o pensamento teórico de Maquiavel em torno da conquista e conservação de territórios e a prática de Afonso de Albuquerque, nos territórios do Ãndico, plasmada numa intensa correspondência trocada com D. Manuel I? Esse é o problema ao qual se procura dar resposta neste ensaio, no qual se recorre a uma perspectiva transnacional das dinâmicas polÃticas e intelectuais da época moderna. Esse enfoque permite identificar a existência de uma tessitura cultural comum à s elites polÃticas do sul da Europa quinhentista, que ajuda a explicar a existência de interessantes continuidades entre essas duas figuras polÃticas da Europa de Quinhentos. Ao mesmo tempo,
suas diferentes biografias e contextos de ação — o de Maquiavel, essencialmente italiano, e o de Albuquerque, português, africano e asiático — ajudam a explicar algumas das diferentes soluções polÃticas que se podem encontrar na escrita de ambos.